O elo entre o canavial e a indústria

No setor sucroenergético, a eficiência da usina começa muito antes da colheita. Ela nasce no campo, na fisiologia da planta e em cada decisão que determina como o ºBrix da cana vai performar da fase vegetativa até a maturação, refletindo em benefícios para a indústria.

A fisiologia vegetal é o ponto de partida desse processo.
Quando a planta é conduzida com um manejo nutricional e fisiológico adequado, o resultado não é apenas uma lavoura vigorosa, mas uma matéria-prima de alta qualidade, com alta pureza e rendimento industrial.

Cada escolha técnica realizada, estratégia e época de realização das diferentes práticas agronômicas, e o momento de corte, deixa uma assinatura no comportamento metabólico da cana. O resultado de todas essas interações é o que define a quantidade (produtividade) e qualidade (ATR, por exemplo) da cana que a usina realmente recebe para processar.

Fisiologia e qualidade da matéria-prima

Durante todo o ciclo de crescimento, a cana passa por transformações fisiológicas que determinam a proporção entre açúcares, fibras, água, nutrientes e compostos orgânicos.

Manejos que dão prioridade ao aumento da fotossíntese líquida e à translocação de açúcares e nutrientes, permitem que a planta acumule sacarose de forma eficiente, resultando em pureza de caldo e rendimento de extração.

Por outro lado, desestruturações fisiológicas, como estresse hídrico, carência nutricional ou crescimento vegetativo excessivo, reduzem o ATR e comprometem a eficiência industrial.

Essas alterações demonstram que a qualidade do processo tem início na fisiologia da planta. Assim, com a estratégia adequada, é possível conduzir seu metabolismo, obtendo resultados mais previsíveis e consistentes na indústria.

Como a Kracht atua nessa conexão entre campo e indústria

A Kracht transforma o conhecimento em soluções práticas que melhoram tanto a performance agronômica quanto a eficiência industrial. Um exemplo disso é o que se observa com o produto Suiker, um pré-maturador de cana-de-açúcar. O Suiker é usado para complementar o efeito do maturador químico, com o objetivo de reduzir as eventuais perdas de produtividade (TCH) sem reduzir o ganho de ATR e também melhorar a qualidade da matéria prima para a indústria.

Incremento de TCH:

Foi quantificado um aumento na massa (peso) de colmos em uma faixa de 6,85% a 15,02% utilizando o pré-maturador Suiker (figura 1) e ganhos entre 7,74% e 23,82 % utilizando o Suiker associado ao maturador químico, ambos em comparação com o tratamento controle.

Gráfico de TCH e TAH

Figura 1. Toneladas de cana por hectare (TCH) e toneladas de açúcar por hectare (TAH). Jaboticabal-SP (2020).

Incremento de TAH

De forma geral, os resultados obtidos no tratamento com Suiker promoveram aumento de 8,45% a 18,46% em relação ao tratamento controle na produtividade de açúcar (TAH). No trabalho em questão, a diferença foi de 8,45% (figura 1).

Rendimento estimado de etanol (L t⁻¹)

O tratamento com Suiker apresentou resultado 5,6% maior do que a o tratamento controle, conforme demonstrado na figura 2.

Gráfico de Suiker

Figura 2. Estimativa da produção de álcool em litros por tonelada. Jaboticabal/SP (2020)

 Qualidade tecnológica e industrial

  • Teor de amido no caldo extraído: o tratamento Suiker associado ao maturador químico teve o teor de amido 11,79% menor do que o tratamento controle.
  • Turbidez no caldo extraído: a turbidez no tratamento com Suiker associado ao maturador químico foi de 8,82% menor do que o tratamento controle.
  • Pol do caldo clarificado: o tratamento com Suiker apresentou acréscimo de 10,1% em relação ao tratamento controle.

Conclusões

O uso de Suiker promoveu:

  • Maior acúmulo de sacarose;
  • Incrementos significativos na qualidade tecnológica do caldo;
  • Maior eficiência fermentativa e rendimento industrial.

Esses resultados confirmam o efeito de pré-maturador fisiológico do Suiker, evidenciando seu potencial para elevar a produtividade, o ATR e a eficiência industrial em canaviais de alta produtividade, melhorando a performance do maturador químico utilizado na cultura.

Ao aliar fisiologia à prática, observa-se que o que antes parecia impossível torna-se realidade: performance em TCH e ATR, refletindo diretamente no aumento de TAH.

Por Marina Satler – Engenheira Agrônoma | Kracht Landbouw Wetenschap.